quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Chove muito. Uma chuva de tempestade. Céu cinza chumbo, gotas pesadas que tornam o tempo mais espesso, mais macio, como o fluir de um córrego. Dia de descanso para a alma. Explicar a relação de um cearense com a chuva é difícil. Não se ouvirá da boca de ninguém que o dia está feio, cinzento, pesado. Em São Paulo, um céu azul é um convite para a vida e era-me estranho entender o sorriso dos paulistas diante de um céu muito azul, porque céu azul é como as coisas são sempre, certo? Aqui, quando chove, ouvir-se-ão comentários de contentamento ou a simples observação da água que cai, uma sensação de alívio. Não se diga que é a seca, porque água, aqui, há muito e abundante, água domesticada das torneiras e dos chuveiros, água selvagem do mar e dos rios. É a sensação de recomeço, de mudança, a percepção da vida que transcorre. Água é descanso, porque mudança, água é oportunidade para fechar os olhos e ouvir o passar do tempo

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